Os homens que violentam mulheres são uma minoria de entre uma maioria.
É essa maioria que mantém a roda a girar por milénios, que define os nossos direitos e deveres, bem como os nossos silêncios e humilhação perante os crimes praticados pelos seus "irmãos de classe".
Aliás, é essa maioria que define o que é crime e o que ocorre perante um crime. Eles tinham os recursos para acabar com a violência praticada pelos homens contra as mulheres, mas não desejam agir nesse sentido, preferem gritar contra as mulheres, dizer que elas agem para fazer cair os homens, que são suas inimigas.
Não se sentem incomodados pelos crimes praticados contra mulheres, eles apenas não querem que a maioria seja reconhecida pelos actos da minoria que habita entre eles, protegida por eles.
Se alguém os está a lesar, se alguém promove essa ideia suja de uma maioria, são os homens, não as mulheres que denunciam, que berram por direitos e dignidade, que caminham apressadas, com medo, que, em nome da segurança, se forçam a meter todos os homens no mesmo pote.
Não querem fazer parte do pote? É fácil, distanciem-se, ajudem as mulheres a derrubarem aqueles que entre vós, com a vossa conivência e secretismo, violentam, perseguem e matam.