Um homem de sorte, longa metragem dinamarquesa (2018, direção: Bille August), é uma história de época que nos traz Peter Andreas, um jovem ambicioso e autocentrado, em fuga da família religiosa e em busca de reconhecimento e ascensão social na Dinamarca do início do século XIX.
Após ser aprovado como estudante de engenharia da Universidade de Copenhaga, o jovem pobre e de uma longa ascendência de clérigos ruma à capital decidido a quebrar o ciclo de privações e religiosidade da família. Obcecado com o sucesso da sua carreira, não mede consequências para atingir os seus fins. Vai deixando um rasto de destruição na vida das jovens mulheres que passam pela sua vida, as quais seduz, manipula e utiliza para os seus projetos pessoais.
Apesar de se considerar muito nobre, Peter deixa-se corromper pela ganância, pela vaidade, assume-se com superioridade em relação à família por esta se manter refém de uma religião que ele repudia, que desconsidera a importância da ciência, da educação, do progresso.
Mas seria ele assim tão diferente do pai austero? De que vale toda a educação, todo o progresso, quando não são utilizados para bem de toda a sociedade e apenas para proveito próprio, para alimentar a vaidade, ego, ou criar riqueza para si mesmo? Assim como a religião, também o individualismo é uma prisão.